"De novo em Delphos o Python emerge
Do sono sob os séculos contido
As águias afastaram o seu voo
Só as abelhas zumbem ainda no flanco da montanha seu vozear de bronze
Sob negras nuvens e mórbidos estios o Phyton emerge
A ordem natural do divino é deslocada
De novo cresce o poder do monstruoso
De novo cresce o poder do «Apodrecido»
De novo o corpo de Python é reunido
Nenhum deus respira no respirar das coisas
As máquinas crescem o Python emerge
Sob o húmido interior da terra movem-se devagar os seus anéis
Ventos da Ásia em sua boca trazem
O estridente clamor da fúria tantra
Tudo vai rolar na violência do instante
Nenhuma coisa é construída em pedra"
Sophia de Mello Breyner Andresen, Dual, Lisboa: Editorial Caminho, 2004, p. 24.
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