"Samas, lá dos céus, retorquiu:
«Jovem, tu em tua casa és um amo, mas na montanha serás o quê?»
«Ó Samas, deixa-me dizer-to, presta atenção às minhas palavras!
Deixa-me dizer-to, queiras tu meditá-lo!
Na minha cidade, morre um homem e o coração aflige-se,
perece um homem e o coração enche-se de dor.
Fui ao cimo da muralha e estiquei o pescoço,
o meu olhar foi cair sobre um cadáver que ia rio abaixo, flutuando nas águas:
também eu serei assim, assim mesmo serei eu!
"Nenhum homem, por alto que seja, pode alcandorar-se ao céu,
nenhum homem, por amplo que seja, pode abraçar a montanha!"
Épico de Gilgames, tábua II, trad. Francisco Luís Parreira, Lisboa: Assírio & Alvim, 2017, p. 63.
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