"A noite é o mundo do avesso. De dia, o homem vê, de noite é visto. Vêem-no os ladrões e os penedos, igualmente acocorados na penumbra, os pinhais nos altos, os caminhos tapetados de areias brancas trazidas pelos enxurros, as estrelas bruxuleantes na ribalta longínqua do hemisfério. E o homem, perante tantas testemunhas a espiá-lo, sente-se como a formiga insignificante que anda fora do formigueiro."
Aquilino Ribeiro, "O Burriqueiro e o seu Burro", in Casa do Escorpião, Lisboa: Bertrand Editora, 1985, p. 78.
No comments:
Post a Comment