"Na realidade, a obra de arte precisa de ser vivida profundamente - e devagar. Criar beleza, duma maneira genérica, é arrancar de nós mesmos, aos pedaços, a vida interior e misteriosa, que se transfunda em sangue e em génio nas páginas que devam ser duradoiras. E criar é doloroso. De certo modo, um grande artista é um suicida. O mito de Galateia é uma verdade. Os livros imperecíveis saíram da essência do prosador ou do poeta em nuvens de sonho ou em clarões faiscantes, em lágrimas eternas ou em risos esplendentes. E o próprio Flaubert, que tanto pregou o impersonalismo em literatura, respondia sempre: Qui est Mme. Bovary? C'est moi!"
Júlio Brandão, Poetas e Prosadores - à margem dos livros, Braga/Porto: Livraria Cruz Editor, s.dt., p. 8.
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