"Como pode o homem ter prazer no absurdo? Onde quer que o mundo se ria, é mesmo esse o caso; até se pode dizer que quase em toda a parte onde haja felicidade, há prazer no absurdo. A transformação da experiência no seu contrário, do adequado no ineficaz, do necessário no discricionário, mas de tal maneira que esse processo não cause prejuízo e seja imaginado apenas por traquinice, diverte-nos, pois liberta-nos momentaneamente do constrangimento do que é necessário, apropriado e conforme à experiência, em que nós vemos quase sempre os nossos implacáveis amos; então, brincamos e rimos, quando o esperado (que habitualmente assusta e excita) se desfecha sem causar danos. É o prazer dos escravos nas festas saturnais."
Friedrich Nietzsche, Humano, Demasiado Humano, trad. Paulo Osório de Castro, Lisboa: Relógio D'Água Editores, 1997, 4º Capítulo, 213, p. 191.
No comments:
Post a Comment