"Vida Fútil - P'lo que acabas de dizer,
Facilmente se adivinha,
Que isto, que me faz mover,
É a vida, mas não é minha.
Mas isso pode lá ser !?...
Morte - É essa a verdade nua.
E, se achas a vida bela,
É mesmo por não ser tua,
Pelo contrário, és tu dela;
Tu cais, ela continua.
Vida Fútil (em tom de desafio)
E se não sou eu também
Quem à vida dá vigos,
Diz-me, pois, quem a mantém?
Morte - São o prazer e a dor;
Começam quando começa
A vida a dar-se o sonhar;
Quando uma e outro acabar,
A vida já não interessa."
António Aleixo, "Auto da Vida e da Morte", in Este Livro que Vos Deixo, vol. I, 13ª ed., Lisboa: Editorial Notícias, 1998, p.115.