Saturday, February 25, 2012

ASSISTENTE


"A floresta virgem escurecia maternalmente, a lama do mundo primordial exalava um odor a decadência e procriação, cobras e crocodilos rastejavam, a torrente de imagens transbordava sem limites.
"Afinal vou voltar a pintar", disse Klingsor, "amanhã mesmo. Mas não estas casas e pessoas e espaços. Vou pintar crocodilos e estrelas do mar, dragões e cobras púrpuras, e tudo o que está em devir, tudo o que está em mutação, cheio de desejo de ser humano, cheio de desejo de ser estrela, cheio de nascimento, cheio de declínio, cheio de Deus e de Morte."
Hermann Hesse, O último verão de Klingsor, trad. Patrícia Lara, Lisboa: Guimarães Editores, 1999, p. 52.

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