TUDO O TEMPO DESTRÓI
"Na muda solidão deste aposento
Não tenho mais que a triste companhia,
Que de noite me faz, me faz de dia
O constante teor do meu tormento.
Sempre me assiste, e nunca um só momento
Deste mísero leito se desvia:
E parece que a sua rebeldia
Toma na duração um novo aumento.
Tudo o tempo destrói: unicamente
Da minha mágoa a bárbara impiedade
É sempre a mesma; e nunca se desmente,
Eu bem sei que no Céu não há crueldade;
Mas comigo parece que inclemente
Me faz penar por uma eternidade."
in Poesias do Abade de Jazente, org. Miguel Tamen, Lisboa: Editorial Comunicação, 1983, p. 88.
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