Monday, April 7, 2014

LUNÁRICO



"A correr pela margem, fui-lhe gritando que não tivesse medo e se deixasse ir, que em frente da cidade, ao pé dos navios, chamasse para lhe acudirem. Flutuava como uma folha sobre a corrente. Dali à Casa Amarela era muito longe e não pude pedir socorro. Já estava a anoitecer. Talvez ao passar em frente da cidade a vissem e a salvassem. Ou talvez não quisesse voltar. Preferiu fugir de mim e ficar na dúvida do que vir a sofrer uma desilusão?Queria poder aceitar esta ideia romântica. Mas as mulheres nunca preferem a dúvida."


Branquinho da Fonseca, Rio Turvo, Lisboa: Editorial Verbo, s.d., p. 53. 

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