"O homem, na minha opinião, é um cabide, e mais nada. O que a mão da boa ou má fortuna dependura nele é que distingue a criatura de Deus entre os seus irmãos. Não há substância de homem: há só forma de homem. Ora a forma está no invólucro, desde os andrajos inçados de herpes até aos arminhos recamados de brilhantes. Aí fica debique para os filósofos. As grandes ideias incubam cinquenta anos, disse Napoleão. Em 1907 a minha ideia estará na consciência da posteridade. Quando se perguntar o que é o homem, responder-se-á: é um cabide."
Camilo Castelo Branco, Cenas da Foz, 6ª ed., Lisboa: Parceria António Maria Pereira, 1920, p. 95.
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