VACILA
"Se o azul vacila
e a trama da vida parece desfazer-se
será que a palavra poderá ser
um nascimento fragrante
ou um sopro no sopro?
Com o seu hálito de segredo tranquilo
a casa espera as sílabas de água
e que se acenda o veludo de uma lâmpada
que oriente a primeira matéria
arrebatada pela dança.
Como a serpente de um olhar vazio
de um deus que a si se lesse
surge um sinal, um acorde que devasta,
uma inauguração sem começo.
Como captar esta inapreensível simplicidade,
esta nudez redonda e fulgurante?"
António Ramos Rosa, A Imagem e o Desejo, Lisboa: Universitária Editora, 1998, p. 10.
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