SAUDAÇÃO
"Saúda a hora, esse fugidio ar dos minutos,
como quem, convertido à fonética do silêncio,
soçobra na linguagem autista do poema.
Os pulmões expiram para longe o hálito
dos anos e a memória alastra pelo papel
como uma assinatura. Este continente,
lugar imposto no gráfico da tua vida, fixa-o,
prestes a erguer-se no ar como morada de exílio,
na lenda que é já a visão da tua íris estriada.
Com o nível do sangue a latejar na garganta
escreve, sob a luz dos revérberos, a despedida
as cerimónias crepusculares do velho mundo."
Paulo Teixeira, Inventário e Despedida, Lisboa: Caminho, 1991, p. 11.
No comments:
Post a Comment