Saturday, October 15, 2016

E QUANDO



"Ah e quando. Quando o verde nos interessa 
e nós nos recusamos mas por dentro. 
e ficamos assim a pensar se devíamos voltar, acontecer, 
escrever um livro todo branco. filosofar o tédio
com estilo, percebes, 
introduzi-lo na vida de alguém.
ser um talvez na sala, digo quando, 
mobilá-la de circunstâncias longuíssimas como
mãos a conhecer as estrelas tontas do champagne e restos de mais
quando. e quando sair e deixar o mundo fingir que tudo está
na mesma apesar de nós, e para quando é o regresso, os papéis, 
a sabedoria profunda das essências e
dos poemas carnívoros e nossos. 
as cadeiras constroem-se com as mãos, disse, e foi
a frase mais profunda que jamais se disse, e tu sentada en-
tão quando"


Rui Costa, A Nuvem Prateada das Pessoas Graves, Vila Nova de Famalicão: Quasi Edições, 2005, p. 33. 

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