"Por fim, todos somos oriundos da semente do Céu,
todos temos um mesmo pai, de quem a alma mãe, a Terra,
recebeu as gotas de líquido humor e, ficando fecundada,
dá à luz luzidias searas, árvores frondosas e o género humano,
dá à luz todas as espécies de feras, quando proporciona pastos,
com os quais alimentam os seus corpos, prolongam a doce vida
e propagam a descendência, pelo que merecidamente granjeou o nome de mãe.
Do mesmo modo, volta para trás, para as terras, aquilo que anteriormente
saiu da terra e aquilo que foi enviado das regiões do éter
de novo é acolhido, quando retorna, pelos espaços do céu.
E a morte não destrói as coisas a ponto de aniquilar os átomos da matéria,
mas apenas lhes desfaz as uniões. Depois volta a ligá-los uns aos outros
e faz que todos os corpos alterem as suas formas, mudem as suas cores
e tomem a sensibilidade ou a percam num momento (...)"
Lucrécio, Da Natureza das Coisas, II, 991-1005, trad. Luís Manuel Gaspar Cerqueira, Lisboa: Relógio D'Água Editores, 2015, p. 127.
No comments:
Post a Comment