Monday, March 19, 2018

DO PAI


" - Pai - murmurou -, Pai, sinto-me bem aqui, terra contra terra, deixa-me. A taça que me dás a beber é amarga, muito amarga, não posso mais... Se é possível, Pai, afasta-a dos meus lábios.
Calou-se. Pôs-se à escuta, procurando ouvir, no silêncio da noite, a voz do Pai. Fechara os olhos e, quem sabe, Deus é bom, talvez visse dentro de si o Pai a sorrir-lhe piedosamente e a fazer-lhe um sinal."

Nikos Kazantzakis, A Última Tentação de Cristo, trad. Jorge Feio, Lisboa: Círculo de Leitores, 1988, p. 435. 

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