"Ao menos junto dos mortos pode a gente
crer e esperar n'alguma suavidade:
crer no doce consolo da saudade
e esperar do descanso eternamente.
Junto aos mortos, por certo, a fé ardente
não perde a sua viva claridade;
cantam as aves do céu na intimidade
do coração o mais indiferente.
Os mortos dão-nos paz imensa à vida,
dão a lembrança vaga, indefinida
dos seus feitos gentis, nobres, altivos.
Nas lutas vãs do tenebroso mundo
os mortos são ainda o bem profundo
que nos faz esquecer o horror dos vivos."
Cruz e Sousa, "O Livro Derradeiro", in Obra Completa (edição do centenário), Rio de Janeiro: Editora José Aguilar, 1961, pp. 262-263.
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