" - Filho amado - disse o ermitão - se não existisse Deus, não haveria ressurreição e o mundo seria eterno, e seria por si mesmo, e o homem, depois de morto, estaria em privação e não ser. De onde se seguiria que o mundo fosse para que os homens estivessem mais no não ser do que no ser, pois no não ser estariam sem fim, e no ser apenas enquanto vivem no mundo. Podeis, assim, considerar e saber por vós mesmos que, se não existisse Deus, a vossa natureza não teria sentido pavor da serpente; pois o natural seria desejar a morte, já que a morte seria ocasião para que o homem passasse ao seu maior estado, isto é, a estar sempre em privação. Mas, posto que a vossa natureza sente temor da morte, significa que há Deus, com o qual os homens justos, depois da ressurreição, estarão na glória que não terá fim."
Ramon Llull, "Livro das Maravilhas", in Obra Escogida, trad. Pere Gimferrer, Barcelona: Penguin Clásicos, 2016, p. 30.
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