"Para as almas, o amor é como o sol na terra:
Na magia de um sonho a vida transfigura!
É tão belo e radioso o clarão que ele encerra,
Que até, depois da morte, a sua luz perdura!
Só por ele se vive, e se sonha, e se brilha:
Vai-se ao fundo do mar, às regiões do sargaço!
E há de alcançar-se, enfim! a excelsa maravilha
Dos tesouros astrais, nos oceanos do espaço!
Quem não teve uma vez, pelo menos, na vida,
Um enorme consolo, uma alegria imensa,
Vendo certa mulher, talvez desconhecida,
Que depois não se vê mais e na qual sempre pensa?
Esse instante feliz de um olhar, que presume
Quanto deve ser doce o prazer do desejo,
É mais embriagador, no seu vago perfume,
Que a ilusória fusão das almas pelo beijo."
Martins Fontes, "Palavras Românticas", in Verão, Santos: Typographia Escholastica Rosa, 1921, p. 153.
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