O DIA, PARTINDO-SE
"o dia fez-se morte ao lusco-fusco,já se ouve mais distante o realejoque cruzava agonias e desejoem pobres melodias, já mais bruscochega o inverno entre ulmeiros pálidose sobressalta o corpo às raparigasque vão morrer. ó meu amor, não digasoutros silêncios, outros sinais inválidospara salvá-las, só a canção podiareanimar seu pobre coração,dar-lhe em breves momentos algum rumo, alguma esperança nessa melancolia,enquanto o som pairasse, mas em vão:partiu o dia, em cinza, frio e fumo."Vasco Graça Moura, Antologia dos Sessentas Anos, Porto: Edições Asa, 2002, p. 74.
No comments:
Post a Comment