Wednesday, December 23, 2009

VIVE TU DAQUILO QUE É O DESGOSTO DO MUNDO



"No porto a corrente acrescenta
algas vermelhas que se elevam das vagas.
Eu não tinha de que viver,
tu não tinhas com que morrer de mim.

Recebi a tua ferida,
recebi de ti a terra. Vive
tu
daquilo que é o desgosto do mundo
e não conhece repouso, meu coração.

No porto não cessa de cantar a invisível
corrente,
as algas partilham o vento do olhar.
Em terra

a árvore está cheia de folhas
e não tem lugar para os frutos."


João Miguel Fernandes Jorge, a jornada de cristóvão de távora primeira parte, Lisboa: Editorial Presença, 1986, p. 18.

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