Wednesday, February 17, 2010

QUADRAGINTA



"O tempo presente e o tempo passado
Estão ambos talvez no tempo futuro
E o tempo futuro contido no tempo passado.
Se todo o tempo é eternamente presente
Todo o tempo é irredimível.
O que poderia ter sido é uma abstracção
Que fica uma possibilidade perpétua
Somente num mundo de especulação.
O que poderia ter sido e o que foi
Apontam para um só fim, sempre presente.
Sons de passos ecoam na memória,
Descem o caminho que em nós não seguimos
Em direcção à porta por nós nunca aberta
Para o jardim de rosas. As minhas palavras ecoam
Assim, no teu espírito.
Mas com que propósito
Perturbam o pó numa taça de folhas de rosa
Não sei."


T.S. Eliot, Quatro Quartetos, trad. Gualter Cunha, Lisboa: Relógio D'Água, 2004, p. 25.

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