"- Não vejo por que motivo tens de desistir do teu precioso modo de vida. Podias dar aulas de História de Arte em Edimburgo. Até podias voltar para a América.
- Não. Se continuar a existir dá cabo de mim. Não quero ficar como Sandy, uma espécie de playboy, a sustentar uma pega num apartamento e...
- Sandy com certeza que não sustentava pegas em apartamentos!
- Não, estou só a generalizar. Quero eu dizer, uma espécie de lavrador completamente inútil com um iate e um carro de corridas e a tratar de plantas e das árvores...
- Mas, Henry, por que havias de ficar assim?
- A minha mãe vive numa espécie de sonho feudal. É tudo falso, uma mentira, e eu vou estilhaçá-la.
- É preciso cuidado quando se estilhaçam as mentiras dos outros. É melhor concentrarmo-nos nas nossas próprias mentiras. "
Iris Murdoch, Henry e Cato, trad. Maria José Guerreiro, Lisboa: Edições Cotovia, 1996, p. 148.
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