"Alguns destes "remédios" eram mais do tipo "mata ou cura". Revelando que possuía um estômago tão forte como a vontade, Catarina bebia abundantes doses de urina de mula, que correntemente se dizia ser uma forma primitiva de inoculação contra a esterilidade. Recebeu, contudo, instruções claras para nunca se aproximar da mula. Os alquimistas providenciam cataplasmas tão revoltantes que custa a crer que o delfim conseguisse sequer fazer amor com a mulher. Os emplastros macios, quentes e malcheirosos eram feitos de hastes de veado trituradas e excrementos de vaca. Para disfarçar a fetidez era misturada uma pitada de pervinca com leite de égua. As cataplasmas eram então colocadas na "fonte da vida" de Catarina, onde ficavam a operar, mas estes "métodos infalíveis" não produziam quaisquer resultados, excepto talvez um desejo crescente por parte do delfim de não se aproximar da mulher e muito menos dormir com ela. Foram também consultados astrólogos e ela seguia rigorosamente todas as suas instruções, mas continuava a não engravidar.
Por fim, Catarina convenceu-se de que era sexualmente incompetente e de que estava a cometer algum erro crasso. Tinha de imitar o que quer que Diana andasse a fazer com o marido. Consta que a corajosa mulher mandou abrir buracos no soalho (provavelmente em Fontainebleau) a fim de poder espreitar para o quarto onde o marido e Diana passavam as suas noites de paixão. As aias de Catarina suplicaram-lhe que não se desse a tão angustiante trabalho mas ela não deu ouvidos a ninguém e preparou-se para observar Henrique a fazer amor com a amante. Quando o momento chegou, a sua mágoa à vista do completo abandono dos amantes nos braços um do outro foi tão profunda que pouco viu; os seus olhos encheram-se de lágrimas antes de se afastar. O que vira, no entanto, sugeriu-lhe que fizesse uma coisa muito diferente com o marido quando se deitassem juntos."
Leonie Frieda, Catarina de Médicis, trad. Isabel Alves, Porto: Civilização Editora, 2005, p. 91.
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