"Poentes de ao pé do mar! Ardem em brasa as praias:
E é singular, vem toda a espuma arroxeada,
Tinta no sangue de milhões, biliões de olaias,
Mortas nalgum jardim, em que oculta cilada!
Volto a página. Agora, um poente de esmeralda,
Um poente afogueado e indolente de Verão:
Nas nuvens cor de cinza, a labareda escalda,
Como a brasa vermelha ilumina um fogão.
Agora, um poente de marfim. Tarde de vento.
Da guarita de um forte arruinado e cinzento
Descubro os barcos a fugir, de inflado pano.
Banhou-se o Azul, talvez, na tina azul do Mar:
Por isso vai revolto, agitado, a rolar
Espuma de sabão Windsor, todo o Oceano!
Alberto d' Oliveira, "Pores-de-Sol", in Obras de Alberto d' Oliveira - Poesia, ed. José Carlos Seabra Pereira, Porto: Lello Editores, 1999, p. 49.
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