"Os homens não deviam cortar as árvores. Existe um Deus. (Ia anotando estas revelações nas costas de um envelope.) Mudar o mundo. Ninguém mata por ódio. Divulgar isto (continuou a escrever). Fez uma pausa. Pôs-se à escuta. Um pardal empoleirado na cerca em frente chilreou Septimus, Septimus, quatro ou cinco vezes e depois continuou a extrair as suas notas até se pôr a entoar, numa voz fresca e aguda, palavras em grego que diziam que o crime não existe; então, outro pardal aproximou-se e, juntos entoaram em grego um longo e cristalino canto, empoleirados nessas árvores no prado da vida, por detrás de um rio onde os mortos caminham, um canto que dizia: a morte não existe."
Virginia Woolf, Mrs. Dalloway, trad. José Miguel Silva, Lisboa: Relógio D'Água, 2004, p. 31.
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