"Eu vi rir esta fonte; e deste rio
A verdura regada, ser enveja
Da que mais verde entre esmeraldas seja;
Hórrido o bosque, o prado vi sombrio.
Vejo o chorar da fonte, e que de frio
O rio pára, o prado se despeja:
Seca a verdura; a neve é só sobeja,
O triste inverno assombra o claro estio.
Ora se servirá de ser vingado
Ver quão mal da mudança se assegura
A fonte, o rio, o bosque, o estio, o prado.
Ai de mi, que me chega a sorte dura
A querer que alivie o meu cuidado
Por exemplos de extrema desventura!"
D. Francisco Manuel de Melo, Poesias Escolhidas, Lisboa: Editorial Verbo, 1969, p. 28.
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