"- Vejamos, isto aconteceu ou não aconteceu? Sim ou não?
George respondeu:
- Aconteceu assim, se é que de facto aconteceu. Eu preferiria subir ao céu sozinho do que empurrado por querubins e, se lá chegasse, gostaria que os meus amigos estivessem debruçados, exactamente como fazem aqui.
- Nunca irás para o céu - disse o pai. - Tu e eu, meu caro rapaz, havemos de jazer em paz na terra que nos deu à luz e os nossos nomes desaparecerão, tão certo como é certo que o nosso trabalho sobreviverá.
- Algumas pessoas só podem ver a campa vazia, não o santo, seja ela quem for, que sobe ao céu. Aconteceu assim, se é que de facto aconteceu.
- Desculpe - disse uma voz fria. - A capela é pequena de mais para dois grupos. Não vos incomodaremos mais."
E. M. Forster, Um Quarto com Vista, trad. Manuel de Seabra, Lisboa: Relógio D'Água, 2011, p. 31.
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