ASSIM A VIDA
"O sol do Outono, as folhas a cair,
A minha voz baixinho soluçando,
Os meus olhos, em lágrimas, beijando
A mística paisagem a sorrir...
Assim a minha vida transitando
Vai, à tona da terra... E fico a ouvir
Silêncios do outro mundo e o ressurgir
De mortos que me foram sepultando.
E fico mudo, extático, parado,
E quase sem sentidos, mergulhado
Na minha viva e funda intimidade.
A mais longínqua estrela em mim actua...
Inunda-me de mágoa a luz da lua,
E sou eu mesmo o corpo da saudade."
Teixeira de Pascoaes, Elegias, Lisboa: Assírio & Alvim, 1998, p. 232.
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