SÃO MIGUEL
"De sua formosura
deixai-me que diga
É tão belo como um sim numa sala negativa.
É tão belo como a soca
Que os canaviais multiplica.
Belo porque é uma porta
abrindo-se em mais saída.
Belo como a última onda
que o fim do mar sempre adia.
É tão belo como as ondas
em sua adição infinita.
Belo porque tem do novo
o frescor e a alegria.
Belo como a coisa nova
na prateleira até então vazia.
Como qualquer coisa nova
Inaugurando o seu dia."
João Cabral de Melo Neto, Morte e Vida Severina, São Paulo: TUCA, s.d., pp. 30-31.
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