Sunday, September 28, 2014

SÃO MIGUEL




"De sua formosura
deixai-me que diga
É tão belo como um sim numa sala negativa. 
É tão belo como a soca
Que os canaviais multiplica.
Belo porque é uma porta
abrindo-se em mais saída. 
Belo como a última onda
que o fim do mar sempre adia.
É tão belo como as ondas
em sua adição infinita. 
Belo porque tem do novo
o frescor e a alegria. 
Belo como a coisa nova
na prateleira até então vazia. 
Como qualquer coisa nova
Inaugurando o seu dia."


João Cabral de Melo Neto, Morte e Vida Severina, São Paulo: TUCA, s.d., pp. 30-31. 

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