"Não tardes, flor; a aldeia nos espera,
Chovem aromas dos folhudos ramos:
Suspensa do meu braço, eia! partamos!
Olha-nos Deus da cristalina esfera.
Nas manhãs da passada primavera
Com que delícia etérea nos amámos!
Iremos ver os nomes que traçámos
No rude tronco em que se enlaça a hera.
Não tardes, meu amor, sei de um caminho,
Que sobe a encosta, e vai direito ao moinho,
Em cujas velas bate o vento em cheio...
Seguir-nos-ão as aves namoradas,
Que ao som das tuas infantis risadas
Modularão seu trémulo gorgeio..."
Gonçalves Crespo, Nocturnos, in Obras Completas, 6ª ed., Lisboa: Empresa Literária Fluminense, 1922, pp. 15-16.
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