"O sonho de muros ruinosos persegue-me.
São as saídas da noite, o vento rodeia e isola.
As muralhas abandonadas fortificam o pendor da
encosta. Sobre o caminho de ronda são as cegonhas
vigia. Os ninhos de ramalhos entrecruzados
interrompem o céu, cortam as nuvens.
Da cesta escura mostram as hastes delgadas das
pernas vermelhas, os papos brancos, os bicos
longos. Os grossos torreões circulares imobilizam
o sonho, erguem o voo, batem as asas,
planam, curveteiam, tombam sobre o recordado mar
das nossas lágrimas
o sono de muros desolados."
João Miguel Fernandes Jorge, A Jornada de Cristóvão de Távora Primeira Parte, Lisboa: Editorial Presença, 1986, p. 20.
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