Thursday, May 28, 2015

DEZANOVE ANOS



"Não creias, Lídia, que nenhum estio
Por nós perdido possa regressar 
Oferecendo a flor
Que adiámos colher. 

Cada dia te é dado uma só vez
E no redondo círculo da noite
Não existe piedade
Para aquele que hesita. 

Mais tarde será tarde e já é tarde. 
O tempo apaga tudo menos esse
Longo indelével rasto
Que o não-vivido deixa. 

Não creias na demora em que te medes. 
Jamais se detém Kronos cujo passo
Vai sempre mais à frente
Do que o teu próprio passo."


Sophia de Mello Breyner Andresen, Dual, Lisboa: Editorial Caminho, 2004, p. 27. 

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