"Aprazia-lhe observar o mundo do alto: cada coisa, vista lá de cima, perpendicularmente, adquire as suas verdadeiras proporções: rios navegáveis, pontilhões, estradas, homens que vão, homens que voltam, quadrúpedes impelidos, carros afastados em silêncio e depois, à medida que o avião ganha altura ganham razão os metafísicos: aparências, aparências; até essas jazidas de carbonato de cálcio que são os cemitérios, vistos lá de cima, se apresentam como pequenos rectângulos que já não metem medo. Uma companheira de voo sentada a seu lado tocou-lhe no ombro e, apontando com o indicador a terra, lá em baixo, com os dedos formou um dois, um cinco e dois zeros."
Pitigrilli, Os Vegetarianos do Amor, trad. Pires Carneiro, Porto: Brasília Editora, 1974, p. 94.
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