"Então "um vapor elevou-se da água" (Génesis II, 6) para remediar a falta de água "humedecendo toda a face da terra" (ibid.). O vapor que se eleva é o desejo da fêmea pelo macho. Uma outra interpretação diz que tomemos o "não" do versículo precedente para o aplicar neste, em "vapor" - o que significa que Deus não mandou a chuva porque não se elevou o vapor; pois é de baixo que deve provir o impulso inicial para mover o poder de cima. Assim, para formar a nuvem eleva-se primeiro o vapor da terra. E do mesmo modo se eleva o fumo do sacrifício criando a harmonia de cima e a união de tudo; foi assim que a esfera celeste se tornou completa, perfeita. É de baixo que parte o movimento e tudo se torna perfeito depois. Se a comunidade de Israel não desse o impulso inicial, O de cima não se mexeria para se dirigir a ela. É pois o desejo de baixo que dá lugar à perfeição de cima."
O Zohar - O Livro do Esplendor, introd. e selecç. Gershom Scholem, trad. Ana Moura, 2ª ed., Lisboa: Editorial Estampa, 2007, pp. 35-36.
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