Sunday, September 26, 2010
DA FALTA E DA ABUNDÂNCIA
" Numa coisa que apodrece
-tomemos um exemplo velho:
uma pêra -
o tempo
não escorre nem grita,
antes
se afunda em seu próprio abismo,
se perde
em sua própria vertigem,
mas tão sem velocidade
que em lugar de virar luz vira
escuridão:
o apodrecer de uma coisa
de fato é a fabricação
de uma noite:
seja essa coisa
uma pêra num prato seja
um rio num bairro operário"
Ferreira Gullar, Poema Sujo, Lisboa: Ulisseia, 2010, pp. 29-30 [sem a configuração original dos versos]
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