Wednesday, September 1, 2010
SETEMBRO, CARA DE POUCOS AMIGOS E MANHÃ DE FIGOS
"o jornalista
repara no mar que ali
se faz contra tudo (conta
tudo)
documento
reaberto não sei em que linha
texto em cima do
joelho apontado ao mar
ela diz: estou mesmo infeliz desde aqui
quem se lembraria de escurecer agora
que todos os risos explodem dentro dele
ela entorna o galão no jornal de sábado
felizmente nas páginas que já leu
no Jardim da Parada
o template do telemóvel mudou
para o desenho e cores do Outono
é dia 1 de Setembro
(uma manhã estranha como Camilo Pessanha)
repara na forma desajustada deste
poema cheio de adjectivação
impublicável calenda
sobre a qual os pássaros
ainda teimam alheios ao You Tube
ela recuou em transumância ao mês passado
para fumar outra vez contra o
grande
silêncio entrecortado pelo
bater do sino
o sinal horário
devolveu-lhe a clara substância pura
do sol de Agosto
dando no renque seco
dos carvalhos
pés sobre a terra
mãos aproximando-se do princípio
celestial das
roseiras"
Miguel-Manso, Contra A Manhã Burra [cortado], 2ª ed., Lisboa: Mariposa Azual, 2009, pp. 66-67.
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