"Na Primavera, as torres a andorinha procura,
Ruínas, onde ninguém vive, mas a vida perdura;
Em Abril, a toutinegra busca, ó minha bem-amada,
A floresta sombria e fresca, a espessa ramada,
O musgo e, nos ramos nodosos, os amenos tectos
Que com as folhagens dos bosques são cobertos.
Assim faz a ave. Nós procuramos na cidade
O beco deserto, um abrigo, a tranquilidade,
Os umbrais sem olhares oblíquos, traiçoeiros,
A rua de janelas fechadas; nos lameiros,
Buscamos os atalhos do pastor e do poeta;
Nos bosques, a clareira desconhecida e quieta
Onde o silêncio abafa um longínquo rumor.
A ave esconde seu ninho; nós escondemos o amor."
Victor Hugo, Poemas, trad. Manuela Parreira da Silva, Lisboa: Assírio & Alvim, 2002, p. 39.
No comments:
Post a Comment