Thursday, May 5, 2011

À PORTA



"Qual é o fim de tudo? a vida ou a tumba?
A onda que nos sustém? ou a que nos afunda?
Qual a longínqua meta de tanto passo cruzado?
É o berço que embala o homem ou é o seu fado?
Seremos aqui na terra, nas alegrias, nos ais,
Reis predestinados ou simples presas fatais?

Ó Senhor, responde, responde-nos, ó Deus forte,
Se condenaste o homem apenas à sua sorte,
Se já no presépio o calvário se anuncia
E se os ninhos sedosos, dourados pela manhã fria,
Onde as crias vêm ao mundo por entre as flores,
São feitos para as aves ou para os seus predadores."
Victor Hugo, Poemas, trad. Manuela Parreira da Silva, Lisboa: Assírio & Alvim, 2002, p. 21.

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