(museu arqueológico, Istambul)
Gore Vidal, Juliano, trad. Carlos Leite, Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1990, p. 347."Tenho sempre uma biografia de Alexandre à beira da cama. É notável como muitos de nós temos usado os feitos deste jovem como padrão de medida de nós próprios. Júlio César chorou no túmulo de Alexandre porque, sendo já mais velho do que o jovem era quando morreu, ainda não tinha começado a conquista do mundo. Octávio Augusto abriu o túmulo de Alexandre e olhou durante muito tempo para a cara da múmia. O corpo estava bem conservado, conta-nos ele na sua autobiografia, afirmando que reconheceu Alexandre pelos seus retratos. Mirrado e escuro na morte, o rosto tinha tal expressão de fúria que, apesar de todos os séculos que separavam o político vivo do deus morto, o frio Octávio soube, pela primeita vez, o que era o medo e ordenou que o sarcófago fosse selado. Alguns anos mais tarde foi reaberto por Calígula, esse animal, que roubou o escudo e a couraça do túmulo e se vestiu como Alexandre, mas aí toda a semelhança acabava. Todos os seus predecessores desejavam igualar esse rapaz morto. Nenhum o conseguiu. Mas eu consegui-lo-ei!"
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