"Nunca soube a idade de Diodème. Em certos dias, parecia-me muito velho. Outras vezes, achava que contaria pouco mais anos do que eu. Tinha um rosto altivo. Um perfil de medalha romana ou grega. E o cabelo, muito negro e anelado, que lhe caía levemente sobre os ombros, lembrava-me os heróis dos tempos perdidos, os que dormitavam nas tragédias, nas epopeias, e que, por vezes, por efeito de um sortilégio, despertam ou perecem definitivamente. Podia igualmente recordar-me um desses pastores da Antiguidade que, como é sabido, são em geral deuses disfarçados que vêm visitar os homens para os seduzir, os guiar ou os perder."
Philippe Claudel, O Relatório de Brodeck, trad. Isabel St. Aubyn, Alfragide: Asa II, 2009, p. 30.
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