"A um canto, um grupo barulhento de semivirgens, faces afogueadas, olhos vivos, agitando nervosamente os pequenos leques, coqueteavam com o Ribatejo e com o pequeno Luís Bacalhoa. Tanto o tio como o sobrinho pareciam interessar demasiado as raparigas, visto as gargalhadas francas estalando no ar como cristais chocando-se.
E sobre todo esse quadro colorido e buliçoso pousava levemente, como que suspensa, uma poeira de oiro, luminosa e trémula, coada através das espessas ramarias dos plátanos e das copadas tílias do parque.
Todas as pequenas mordiam delicadamente sanduíches, empadinhas ou frituras, com os seus dentes alvos de cadelinhas sensuais, humedecendo-os após com champanhe extra dry brilhando como oiro nos facetados copos de cristal de Veneza."
António de Albuquerque, Marquês da Bacalhoa, Lisboa: IN-CM, 2002, p. 61.
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