Monday, September 9, 2013
VIDA
"Como é frágil tudo quanto existe!
Como se extingue a mais formosa cor,
Ai como tudo é transitório e triste,
Como hoje é ódio o que ontem foi amor!...
Nem um momento à luz do sol resiste
Gota d'água nos lábios duma flor...
Se a luz que tu, minh'alma, descobriste
É luz eterna, é porque é a luz da Dor.
Eu sou da Vida um doloroso grito;
Sou a injúria do pó que o vento leva,
Contra tudo o que Deus fez infinito...
De luto a noite veste a imensidade...
É outra maldição que vem da treva,
Contra ti, sempiterna claridade!..."
Teixeira de Pascoaes, Sempre, in Belo, À Minha Alma, Sempre, Terra Proibida, Lisboa: Assírio & Alvim, 1997, p. 130.
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