"Tombou da haste a flor da minha infância alada.
Murchou na jarra de oiro o pudico jasmim:
Voou aos altos Céus a pomba enamorada
Que dantes estendia as asas sobre mim.
Julguei que fosse eterna a luz dessa alvorada,
Julguei que fosse eterna a luz dessa alvorada,
E que era sempre dia, e nunca tinha fim
Essa visão de luar que vivia encantada,
Num castelo com torres de marfim!
Mas, hoje, as pombas de oiro, aves da minha infância,
Que me enchiam de Lua o coração,outrora,
Partiram e no Céu evolam-se, a distância!
Debalde clamo e choro, erguendo aos Céus meus ais:
Debalde clamo e choro, erguendo aos Céus meus ais:
Voltam na asa do Vento os ais que a alma chora,
Elas, porém, Senhor! elas não voltam mais..."
António Nobre, Só, Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2000, p. 163.
António Nobre, Só, Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2000, p. 163.
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