"Solta-se o vento e, cerrado o arvoredo,
das nuvens a nação se dispersa.
É frágil o real, e tão inconstante,
infatigável, também, toda a lei sua de câmbio:
gira a roda das aparências
no eixo da imobilidade do tempo.
A luz desenha tudo e tudo incendeia,
crava no mar punhais que são teias,
Faz do mundo pira de reflexos:
e nós dele só centelha.
Não é luz de Plotino, é luz terrestre,
luz daqui, mas luz de inteligência.
E reconcilia-se com o exílio:
pátria é o seu vazio, errante asilo."
Octavio Paz, Árvore Adentro, trad. Luís Alves da Costa, Lisboa: Vega, 1994, p. 19.