"Entre aquele verde solene as flores eram poucas e finos os perfumes. Não o fabuloso jardim de Armida, mas um bosque enfeitiçado onde talvez os estudantes se transformem em árvores; primeiro perdem a voz, depois lentamente enraízam-se no solo, os braços desenvolvem-se em ramos, os dedos em folhas, a cabeça enfia-se no tronco como faz a tartaruga na carapaça. Cada um pode escolher a essência em que se transformar, cânfora, magnólia, cipreste chinês. O dia depois do bosque é apenas mais denso e a casca sangrará naquela árvore na qual o estudante solitário gravará um coração trespassado. Mas ninguém grava o coração nos troncos de árvore do jardim encantado."
Cesare Brandi, Teoria do Restauro, trad. Cristina Prats, José Delgado Rodrigues. José Aguiar, Nuno Proença, Amadora: Edições Orion, 2006, p. 190.
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