"Sabia que o amor é causado apenas pelo enchimento dos átomos que desejam juntar-se a outros átomos. Sabia que a tristeza causada pela morte não passa das piores ilusões terrestres, pois que a morta não deixara de ser infeliz e de sofrer, enquanto aquele que a chorava se afligia com os seus próprios males e pensava tenebrosamente na sua própria morte. Sabia que não fica de nós qualquer simulacro para verter as lágrimas sobre o próprio cadáver, estendido aos nossos pés. Mas, conhecendo exatamente a tristeza e a morte, e que são vãs imagens quando contempladas do espaço calmo onde temos de nos fechar, continuou a chorar, e a desejar o amor, e a temer a morte."
Marcel Schwob, Vidas Imaginárias, trad. Telma Costa, Lisboa: Teorema, s.d., p. 44.
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