"Na floresta emurchecida há um canto de ave
que parece sem sentido, nesta floresta emurchecida.
E, porém, o rotundo canto de ave descansa
neste instante que o criou,
amplo como um céu sobre a floresta emurchecida.
Docilmente tudo se instala nesse grito:
o país inteiro parece repousar nele em silêncio,
nele parece aninhar-se o grande vento,
e o minuto, que quer continuar,
dele se ergueu, pálido e silencioso,
como se soubesse coisas que
matariam qualquer um."
Rainer Maria Rilke, O Livro das Imagens, trad. Maria João Costa Pereira, Lisboa: Relógio d'Água, 2005, p. 91.
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