"Não acredita muita gente nestas primaveras eternas do coração. O olho observador do anatómico é que vê as cousas como a natureza as fez, e já não se espanta dos fenómenos do amor que movem a riso as pessoas inscientes. Não há rugas no coração, seja qual for a idade. O que lhe entorpece a atividade é a violência da razão nas damas que envelheceram, ou desenganadas, ou distraídas noutros afetos. Se, porém, a compleição, nervosa ou sanguínea - não sei bem qual dos temperamentos é o mais perigoso - resiste à irrisão e às propensões próprias da idade, a mulher aos setenta anos é um coração de vinte."
Camilo Castelo Branco, Doze Casamentos Felizes, 2.ª ed., Mem Martins: Publicações Europa-América, 1989, p. 85.
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