"Silvestre
Ora bem!
Se o senhor a isso vem,
Vamos lá com muita festa
Todos juntos a Belém,
Porque uma coisa como esta
A prol de todos convém.
Loirenço
Ora aparelhar!
Mas, que lhe hemos de levar?
Rodrigo
Eu levar-lhe-ei um rezente
Que tinha para matar.
Loirenço
E eu hei-lhe de ofertar
Esta samarra, que é quente,
E um tassalho
Que tenho de vinhadalho
Do barrasco que matei;
E dous queijos que queijei
Quando me deste o coalho
O dia que trasquiei.
Rodrigo
Eu dar lhe-ei mais
Três lingoíças frescais,
E um prospé de lacão
E do meu mel um porrão,
E seis queijadas frescais
Que muito boas lhe serão
Em Belém.
Loirenço
Tu has-de levar também...
Silvestre
E eu que posso levar
Ó senhor que tudo tem?"
Anónimo, Prática de Três Pastores, Porto: Editorial Domingos Barreira, s.d., pp. 48-49.
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