"Eu vi o Amor - mas nos seus braços baços
Nada sorria já: só fixo e lento
Morava agora ali um pensamento
De dos sem trégua e de íntimos cansaços.
Pairava, como espectro, nos espaços,
Todo envolto num nimbo pardacento...
Na atitude convulsa do tormento,
Torcia e retorcia os magros braços...
E arrancava das asas destroçadas
A uma e uma as penas maculadas,
Soltando a espaços um soluço fundo,
Soluço de ódio e raiva impenitentes...
E do fantasma as lágrimas ardentes
Caíam lentamente sobre o mundo!"
Antero de Quental, Poesia Completa, org. Fernando Pinto do Amaral, Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2001, pp. 292-293.
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